CAMINHÃO ENGESA EE-15
CAMINHÃO ENGESA EE-25
EE-11 Urutu do Exército Colombiano em foto recente. (Ejército Colômbia)
Parte dos 79 EE-9 Cascavel Líbios capturados pelo Chade num depósito em foto de abril de 2002.
Os dois modelos de EE-9 Cascavel vendidos para a Líbia, à frente o modelo com canhão cockerill 90mm e torre Engesa MKIII e o de trás com torre e canhão francês de 90mm MK II.
EE-9 Cascavel Iraquiano exposto como presa de guerra em uma cidade Iraniana no período da guerra Iraque-Irã.
EE-9 Cascavel Iraquiano destruído na segunda guerra do golfo em 1991. (U.S.Army)
Depósito de suprimentos para veículos Engesa da Universal, Importação, Exportação e Comércio Ltda, no Rio de Janeiro.
Cinco dos seis EE-11 Urutu MK IV, versão porta morteiro, zero quilômetros aguardando comprador.
Repotenciamento dos EE-9 Cascavel no AGSP em fevereiro de 2003.
EE-9 Cascavel do Exército Colombiano usados contra as FARC antes de sofrerem o repontenciamento. (Ejército Colômbia)
ENGESA 1
ENGESA - ENGENHEIROS ESPECIALIZADOS S/A..
TINHA TUDU PRA SER A MAIOR EMPRESA AUTOMOBILÍSTICA DU BRASIL.. SER A MAIOR MONTADORA DO PAÍS COM CARROS FORTES Q ENTRARIAM EM QUALQUER TERRENU.. MAZ PUR SABOTAGEM DUZ FDP'S DUZ AMERICANUZ, A EMPRESA FOI PROIBIDA DE EXPORTAR SEUZ PROTÓTIPUZ MONSTRUOSUZ.. PUR MAIZ QUE NÃU PUDESSE EXPORTAR, NÃU DEVERIA TER ACABADU.. PODERIA TER INVESTIDUZ EM TROLLERZ 4X4, PICK-UPS, E JEEPS... E CONTINUAR FABRICANDU AZ VIATURAZ BLINDADAZ!!
MAZ COMO TUDU Q É BOM TERMINA RÁPIDU... É UMA PENA Q A ENGESA ACABOU..
U Q ME RESTA É UM DIA COMPRAR UM TROLLER ENGESA 1 E MATAR AZ SAUDADEZ!!
UM POUCU MAIZ DA HISTÓRIA DA ENGESA!!
AS EXPORTAÇÕES DA ENGESA E SEUS REFLEXOS NA ATUALIDADE :
Nas décadas de 70 e 80 o Brasil possuía uma Indústria de Material de Defesa com grande capacidade produtiva e acreditava-se que ela teria um belo futuro.
Com diversas empresas desenvolvendo e produzindo materiais voltados para a atividade militar, desde uniformes a carros de combate, de diversos tipos e modelos, concebidos em sua grande maioria dentro de unidades militares voltadas para o estudo de projetos até a fase de concepção dos protótipos, que em muito beneficiou as empresas privadas brasileiras.
Sem dúvida a de maior êxito foi a ENGESA – Engenheiros Especializados S/A, ela foi capaz de absorver todo o estudo vindo da área militar e criar o maior de todos os mitos, ou seja, ela foi a criadora dos principais produtos militares exportados, de caminhões a blindados sobre rodas como o EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu.
É curioso vermos que existia toda uma estratégica para transformar a Engesa numa das maiores produtoras, principalmente, de veículos sobre rodas, com uma equipe muito boa na área de propaganda e marketing, com publicações de material informativo não só no Brasil como também no exterior.
A verdade é que a Engesa vendeu seus produtos a 18 países além do Brasil, e toda a sua produção incluindo todos os modelos, desde jeep, caminhões e blindados sobre rodas o total produzido alcança 6818 unidades, muito inferior ao que era divulgado na época.
Destes o produto mais produzido e exportado foi o Caminhão EE-25 que alcançou 2416 unidades, sendo que o maior comprador foi Angola que adquiriu 1377, vindo a seguir Bolívia com 597 e o Brasil com 254 além da Colômbia (17), Equador (35), Gabão (7), Guiné (36), Iraque (2), Paraguai (5), Suriname (32) e Venezuela (54).
Na área de blindados sobre rodas o maior sucesso de vendas foi o EE-9 Cascavel, desenvolvido inicialmente no Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar - PqRMM/2, em São Paulo (artigo http://www.defesanet.com.br/rv/vtrbld1/vtrbld.htm), cuja produção total, incluindo todas as suas versões alcançou a cifra de 1738 unidades, das quais o maior comprador foi o Exército Brasileiro com 409 adquiridos, seguido da Líbia (400), do Iraque (364), Colômbia (128), Chipre (124), Chile (106), Zimbabwe (90), Equador (32), Paraguai (28), Bolívia (24), Uruguai (15), Gabão (12) e Suriname (6).
Ele foi seguido pelo EE-11 Urutu, cuja produção total de todas a versões alcançou a cifra de 888 unidades, destas 223 coube ao Brasil (Exército e Marinha), 148 ao Iraque, 132 ao Dubai, 82 a Jordânia seguidos de Colômbia (56), Líbia (40), Venezuela (38), Chile (37), Equador (32), Angola (24), Tunísia (18) Suriname (16), Bolívia e Paraguai (12 cada), Gabão (11) e Zimbabwe (7).
Estes três itens representam a quase totalidade dos oito produtos militares Engesa, produzidos em série, pois totalizam 5042, ficando o restante para Caminhões EE-15, EE-34, EE-50, Jeep EE-12 e Blindado 4x4 sobre rodas EE-3 Jararaca, único blindado de série, não usado pelo Exército Brasileiro.
Com a falência da Engesa nos anos 90 e os novos rumos tomados pelo mundo no pós-guerra fria (1989) e pós-guerra do golfo (1991), e o grande declínio da Indústria de Defesa nos principais países produtores e exportadores os produtos brasileiros ficaram difíceis de serem manutenidos, principalmente no exterior.
Alguns países sofrem embargo das Nações Unidas, como Iraque e a Líbia, os dois maiores compradores dos blindados sobre rodas brasileiros.
Os blindados do Chipre estão operacionais, assim como os da Bolívia, Colômbia, Paraguai, Equador, Uruguai, Gabão, Jordânia, Dubai, Suriname, Tunísia, Venezuela, Zimbabwe, podendo adquirir peças no mercado brasileiro sem qualquer restrições.
Parte do material Líbio, provavelmente a metade ainda encontra-se em condições de operação, estando estocados, muito embora a maioria tenha sido espalhada para países amigos, como o material entregue ao Togo, do qual o EE-9 Cascavel do Museu de Blindados de Saumur, na França é um deles, capturado por tropas francesas que lá combaterem, onde vários foram destruídos ou capturados, o mesmo ocorrendo quando da invasão do Chade, pela Líbia na segunda metade dos anos 70, onde 79 EE-9 Cascavel foram capturados, estando na atualidade estocados numa área a céu aberto, em condições precárias, muitos depenados e outros já mais completos, mas sem condições de uso. O curioso é que existem blindados das duas versões vendidas aos Líbios, os modelos MK II com torre e canhão franceses de 90mm, cujos carros foram enviados à França onde receberam as respectivas torres e canhões e de lá foram para a Líbia, e o modelo MK III de torre Engesa com canhão Cockerill de 90mm belga produzidos sob licença, no Brasil, pela Engex, sua subsidiária.
Já o material Iraquiano, em sua maioria, devem estar sem condições operacionais, em razão do embargo que vem sofrendo desde 1991, muito embora boa parte dele foi capturado pelo Irã, na guerra Iraque-Irã, entre 1980 a 1988, quando aproximadamente 150 EE-9 Cascavel passaram a fazer parte do Exército Iraquiano, e empregados contra o Iraque. Alguns ainda foram capturados pelos Curdos no norte do Iraque, em quantidade pequena, visto aparecerem em noticiários recentes mostrando a preparação destes para a terceira guerra do golfo prestes a ocorrer, muito embora o Irã não esteja sob embargo.
O Batismo de Fogo
Estes veículos cumpriram bem suas missões, tanto que o seu primeiro batismo de fogo se dá na Líbia no final dos anos 70 e início dos 80, quando tropas Egípcias aerotransportadas invadem o território Líbio em incursões relâmpagos e pela primeira vez é feito um contra ataque usando os EE-9 Cascavel recém adquiridos, os quais destroem por completo as forças invasoras, despertando desta maneira grande interesse dos Líbios e dos Iraquianos nestes veículos, motivo que nos leva a fornecê-los em grande quantidade ao Exército de Sadann Hussein, então vistos com bons olhos, principalmente pelo Ocidente.No Iraque terão seu batismo de fogo em plena guerra contra o Irã (primeira Guerra do Golfo), onde foram empregados com relativo sucesso, devido a forma de utilização, pois o Exército Iraquiano nunca foi bom em guerra de movimento, usando os EE-9 Cascavel de três formas, como proteção de flancos das unidades blindadas, como veículos de reconhecimento, razão principal de sua existência e como artilharia enterrados no chão. Na segunda guerra do golfo (1991) vários deles foram destruídos por mísseis disparados de helicópteros norte-americanos, e todas as fotos os mostram enterrados.
Na atualidade, o maior usuário destes veículos blindados é o Exército Brasileiro, tanto que empreendeu um grande programa de repotenciamento, que está sendo realizado no Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) com grande sucesso e economizando divisas para o país. (ver artigo http://www.defesanet.com.br/rv/vtrbld1/vtrbld.htm ).
Este programa só se tornou possível em razão do produto ser totalmente brasileiro, e o que ajudou em muito foi o fato de que a empresa Universal, Importação, Exportação e Comércio Ltda do Rio de Janeiro, que dele participa, comprou de "porteira fechada" a falida Engesa, sendo a detentora na atualidade de todo o estoque de peças de reposição, desenhos, codificação de peças, partes inacabadas dos veículos que se encontravam na linha de produção, maquinário, e possuindo capacidade de produzir boa parte dos componentes necessários à manutenção de todos os veículos Engesa produzidos em série.
Esta empresa ainda possui seis Urutu MK IV, última versão de série, zero quilômetros, na versão porta-morteiro, que nem o Exército possui, aliás uma ótima oportunidade para o EB ter e empregar seus morteiros de 120mm raiados, fabricados no Brasil, num veículo blindado confiável e nacional, bastando apenas adquiri-los antes que outros o façam.
Outra empresa que possui capacidade para atender os produtos Engesa é a Columbus Comercial, Importadora e Exportadora Ltda, de São Paulo, que em conjunto com a CEPPE Equipamentos Industriais Ltda, que recontratou parte da mão de obra da extinta Engesa, estão em conjunto com o AGSP, realizando todo o trabalho para a modernização e recuperação de aproximadamente 500 viaturas EE-9 e EE-11 do Exército Brasileiro, tornando-os operacionais até 2017, quando provavelmente a Nova Família de Blindados Sobre Rodas já estará disponível para substituí-los de vez.
Diversos países que operam os veículos Engesa estão sendo atendidos por estas Empresas, sendo que no momento a Colômbia, que tem empregado com grande sucesso o EE-9 Cascavel na luta contra as FARC está repotenciando seus blindados, prolongando desta maneira sua vida útil, o mesmo ocorrendo em outros países sul-americanos como Uruguai, Equador, etc.
O Exército Brasileiro empregou com sucesso em Missão de Paz (Tropas da ONU) em Angola (UNAVEM III) e Moçambique (ONUMOZ) nos anos 1995/1997 vários blindados sobre rodas EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, numa situação real em um conflito de longa duração, onde se familiarizaram com uma logística importante para o aprimoramento da tropa e analisando o desempenho do material.
Outra prova importante de que os blindados sobre rodas da Engesa ainda podem representar algum valor é o fato recente da empresa Israelense NIMDA CORPORATION LTD, uma empresa privada com 100 empregados e que realiza projetos de modernização, integração e refabricação de veículos militares de procedência britânica, francesa, russa e agora brasileira, cujos principais projetos foram a modernização de carros de combate Sherman, T-72, M-60, T-55, M-41 além de veículos transporte de tropas, veículos blindados anfíbios e caminhões, ter adquirido do Exército Chileno 70 EE-9 Cascavel MK II e 34 EE-11 Urutu.
Empresas Brasileiras participarão em conjunto com a NIMDA na recuperação destes veículos, para torná-los operacionais e dar-lhes um destino, o mesmo irá ocorrer em outras partes do mundo, é só aguardar...
A Engesa estava no caminho certo, tinha problemas sérios de administração e gerenciamento, que poderiam ter sido sanados, mas o nosso maior erro foi a falta de visão estratégica que permitiu que ela desaparecesse por completo, tendo sua falência sido decretada em 1993 e boa parte do conhecimento ali desenvolvido foi perdido de vez, inviabilizado no momento atual, sem volta. Muitos projetos poderiam ter continuado, outros cancelados de vez, e hoje estaríamos substituindo o nosso maior e melhor projeto de concepção nacional que foi o EE-9 Cascavel por um outro produto melhor concebido e desenvolvido por brasileiros, gerando empregos e divisas para o país e até quem sabe exportando-os.
Os reflexos daquela realidade podem ser vistos a olho nu na atualidade, bastando apenas ver o enorme interesse que temos despertado no exterior para com a Nova Família de Blindados sobre Rodas que nem oficialmente foi aberta concorrência.
Precisamos ter o máximo de cuidado para não repetirmos os erros do passado e novamente cairmos na dependência externa e vermos de vez o fim de nossa Indústria de Material de Defesa, pois temos apenas alguns sobreviventes...
Nota Editor- O autor e Defesanet foram contatados por representante da empresa israelense NIMDA solicitando a correção da grafia do nome, ao invés do anteriormente apresentado.
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